domingo, 12 de junho de 2011

URGENTE - MAIS UM AMEAÇADO DE MORTE NO SUL DO AMAZONAS


Cosmo CapistanoCosmo Capistano da Silva, 46 anos de idade, morador do município de Boca do Acre, agente da Comissão Pastoral da Terra, há 10 anos, disse que está sendo ameaçado de morte. A ameaça mais recente foi sexta-feira (3), por volta das 10 horas da noite, quando estava em sua residência e recebeu uma ligação pelo celular, do tipo desconhecida. Cosmo conta que a conversa durou aproximadamente 30 segundos, mas foi o suficiente para entender o recado.

A ameaça

“A ligação dizia que eu avisasse aos meus companheiros que já morreu gente no Pará e Rondônia e o próximo será no Amazonas e no Acre, a pessoa não identificou o local do Amazonas que pode haver as mortes, mas deduzo que é aqui, justamente por conta de eu estar à frente nos conflitos de terra a favor do pequeno produtor rural”, contou Cosmo.

Antes desse fato, Capistano sofreu outra ameaça, em dezembro de 2009. “Se eu quisesse viver, que me afastasse da luta a favor dos agricultores do seringal Macapá”, disse Capistano.

Caso seringal Macapá

Capistano acha que a ameaça partiu da mesma fonte de 2009. Ele afirmou isso, uma vez que, o seringal Macapá está prestes a sofrer uma nova reintegração de posse, fato que já aconteceu no ano de 2009, em maio, quando 105 famílias perderam tudo e foram viver debaixo de lonas às margens da BR-317.

O seringal Macapá está localizado no ramal Cunha Gomes, exatamente na divisa com o estado do Acre, local onde estão as terras do fazendeiro Juarez Carlos Brasileiro, que reivindica a posse, onde alega ter 15 mil hectares, sendo que legalmente ele tem quase 10 mil.

Proteção pessoal

Cosmo Capistano 2

Capistano fala que ainda não procurou as autoridades para a busca de proteção pessoal, mas que pretende buscar essa assistência, pois teme por sua vida, apesar de afirmar que não vai desistir da luta pelos povos que dependem da terra, o pequeno produtor. “Espero que o governo faça a legalização fundiária, pois tudo isso que acontece é a falta da regularização fundiária, já que 90% das terras de Boca do Acre não são regularizadas e por isso que acontecem os conflitos”, afirmou Cosmo.

Companheiros mortos em conflitos de terras

“Lamento a morte dos companheiros, como o Sr. Adelino, o Dinho e o amigo Gedeão que morreu na Vila Califórnia/Ac. Não quero ter o mesmo destino, mas não quero deixar de lutar por quem merece atenção e justiça, que são os agricultores da terra”, revelou Capistano.

Luta contra a grilagem em Boca do Acre

“Eu tenho trabalho em vários locais no município de Boca do Acre, que envolvem conflitos de terra e os mais graves estão nos seringais Novo Axioma (margem direita do rio Acre), Pirapora (margem esquerda do rio Acre), Macapá (no ramal Cunha Gomes e faz frente ao rio Acre) e Redenção (margem direita do rio Acre). Nesses locais há uma grande quantidade de grileiros e latifundiários do estado do Acre que estão invadindo terras no Amazonas”, descreveu o militante.

Cosmo finalizou a entrevista com o Portal do Purus, dizendo que os maiores grileiros em Boca do Acre são fazendeiros e madeireiros.
 

Nenhum comentário: